Em um mundo onde a busca por significado muitas vezes se perde entre o caos e a rotina, Man’s Search for Meaning (no Brasil, Em Busca de Sentido), de Viktor E. Frankl, surge como um farol. Publicado em 1946, esse livro é parte memórias, parte tratado filosófico, escrito por um psiquiatra austríaco que sobreviveu aos campos de concentração nazistas. Mais que um relato de sofrimento, é uma lição sobre resiliência, propósito e a força da mente humana. O que torna essa obra tão poderosa? Como ela pode nos ajudar hoje? Nesta resenha, mergulhamos na logoterapia de Frankl e em sua mensagem atemporal.
O Contexto: Sobrevivência e Reflexão

Viktor Frankl (1905-1997) era um psiquiatra vienense quando, em 1942, foi deportado para campos como Auschwitz e Dachau. Perdeu a esposa, os pais e quase tudo, exceto sua determinação de encontrar sentido na vida. Em Busca de Sentido divide-se em duas partes: a primeira narra suas experiências nos campos, enquanto a segunda apresenta a logoterapia, sua abordagem psicológica centrada no significado. Escrito logo após sua libertação, o livro reflete a urgência de compartilhar uma descoberta forjada na dor: a vida tem sentido, mesmo nas piores circunstâncias.
O contexto histórico é essencial. Frankl viveu o auge do existencialismo, dialogando com pensadores como Sartre e Nietzsche, mas oferecendo uma resposta otimista ao vazio. Enquanto o niilismo via a ausência de propósito, Frankl insistia que o sentido existe — e cabe a nós encontrá-lo.
A Essência do Livro: O Poder do Propósito
A primeira parte de Em Busca de Sentido é crua e comovente. Frankl descreve a desumanização nos campos: fome, frio, violência. Mas seu foco não é o horror, e sim a reação humana a ele. Ele observa que os prisioneiros que sobreviviam não eram necessariamente os mais fortes fisicamente, mas os que tinham um “porquê” — um motivo para continuar. Um homem sonhava em rever a família; outro, em terminar um livro. Frankl cita Nietzsche: “Aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer como.”
Na segunda parte, ele sistematiza a logoterapia (do grego logos, “sentido”). Diferente da psicanálise de Freud, focada no prazer, ou da psicologia de Adler, voltada para o poder, a logoterapia coloca o significado como a força motriz da existência. Frankl propõe três caminhos para encontrá-lo:
- Ação: Criar algo ou realizar feitos significativos.
- Experiência: Viver amor, beleza ou conexões humanas.
- Atitude: Enfrentar o sofrimento com dignidade quando ele é inevitável.
Essa filosofia é prática e profunda, oferecendo ferramentas para quem busca autodesenvolvimento em meio a desafios.
Pontos Fortes: Uma Lição Universal
O maior trunfo de Em Busca de Sentido é sua universalidade. Frankl não romantiza o sofrimento, mas mostra como ele pode ser transformado em força. Suas histórias — como a de imaginar conversas com a esposa morta para manter a sanidade — são emocionantes e acessíveis. A escrita é clara, quase conversacional, tornando ideias complexas digeríveis.
A logoterapia é outro destaque. Em um mundo obcecado por felicidade superficial, Frankl nos lembra que o sentido é mais duradouro que o prazer. Ele valida a dor como parte da vida, mas nos dá autonomia para escolher como enfrentá-la. Para leitores interessados em desenvolvimento pessoal, o livro é um guia prático; para os de filosofia, um contraponto esperançoso ao existencialismo sombrio.
Pontos Fracos: Limites da Perspectiva
Nem tudo é perfeito. A primeira parte, embora poderosa, pode ser emocionalmente pesada, com detalhes que exigem estômago forte. Alguns leitores podem achar a transição para a teoria abrupta, como se Frankl mudasse de memoir para aula magna sem aviso. Além disso, a logoterapia, por focar no indivíduo, às vezes ignora fatores sociais ou estruturais que limitam escolhas — uma crítica válida em contextos de opressão sistêmica.
O livro também é curto (cerca de 150 páginas), o que o torna intenso, mas deixa lacunas. Frankl não aprofunda tanto a aplicação prática da logoterapia quanto poderia, o que pode frustrar quem busca um “manual” detalhado.
O Legado: Um Clássico Vivo
Em Busca de Sentido vendeu milhões de cópias e influenciou desde terapeutas até líderes espirituais. Sua mensagem ressoa em tempos de crise — pandemias, guerras, lutos — mostrando que o propósito é uma âncora universal. Frankl morreu em 1997, mas sua obra segue viva, citada em palestras de autoajuda e estudos filosóficos.
Para o desenvolvimento pessoal, ele ensina que pequenas ações e escolhas diárias constroem significado. Para a filosofia, oferece uma ponte entre o existencialismo e a esperança, provando que o ser humano é mais que sua circunstância.
Por Que Ler “Em Busca de Sentido”?
Se você já se perguntou “qual o sentido disso tudo?”, este livro é para você. É uma leitura transformadora, que não promete felicidade fácil, mas algo mais valioso: resiliência e propósito. Disponível em edições acessíveis (como as da Sextante no Brasil), é curto o suficiente para um fim de semana, mas profundo o bastante para mudar sua visão de mundo.
O que dá sentido à sua vida? Compartilhe nos comentários e descubra com Frankl como enfrentar qualquer “como” com um “porquê” sólido!